Cerca de dois mil moradores de Caetité, município distante 757 km de Salvador, impediram até a madrugada de ontem, a entrada de nove carretas - carregadas com 90 toneladas de urânio da estatal INB (Indústrias Nucleares do Brasil).
O carregamento foi encaminhado para um depósito da Polícia Militar, na cidade vizinha de Guanambi. O destino da carga deverá ser definido hoje.
A população realizou das 17h de domingo até as 2h de segunda-feira, um bloqueio para impedir a entrada dos veículos, que transportavam o material de São Paulo para a unidade de beneficiamento de urânio, na região sudoeste do estado. Os manifestantes acreditam que o conteúdo do carregamento se trata de resíduos nucleares. Até a tarde de ontem, o grupo permanecia mobilizado na região.
De acordo com a Comissão Paroquial do Meio Ambiente de Caetité, a população está de prontidão para fazer uma barreira humana e não deixar as carretas passarem pela área.
A deputada estadual e representante de Guanambi, Ivana Bastos (PMDB), assegurou que tem cobrado das autoridades competentes providências no sentido de retirar, com urgência, o material do posto do 17º Batalhão da PM no município. A população, segundo a deputada, estaria indignada com a ação, temendo que o suposto lixo radioativo possa causar danos aos moradores locais.
NEGATIVA DE LIXO - Em nota, a INB negou que o material seja lixo nuclear. Afirmou tratar-se de concentrado de urânio disponibilizado pela Marinha, que seria reembalado em Caetité, onde a estatal possui uma mina de urânio, para envio à Europa para enriquecimento.
Ainda conforme a estatal, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), e a Cnem (Comissão Nacional de Energia Nuclear) foram informados sobre o transporte da carga.
Está agendada para as 11h30 de hoje uma reunião entre autoridades da prefeitura de Caetité, representante da Comissão Paroquial do Meio Ambiente do município e uma comissão da INB para definir o destino das cargas.
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